Mayumi Sato preza por conexões que vão muito além do sexo. Sua visão sublime a transformou nas sócias do Sexlog, uma das maiores rede sociais de sexo e swing no Brasil que contempla mais de 10 milhões de usuários.
Batemos um papo gostoso e profundo sobre o sexo, a vida e a essência humana.
Mayumi Sato

Para começar quem é Mayumi Sato? Fale um pouco sobre você e a sua jornada até o Sexlog.
Eu sou formada em exatas, gosto de números, de pensar de forma analítica e, em todas as esferas da minha vida, sou extremamente prática. Às vezes direta até demais 🙂 Amo literatura, silêncio e gatos!
Sempre me interessei por temas como sexualidade e a forma como as pessoas se relacionam afetivamente, por isso quando fui trabalhar com comunicação, quando surgia algum projeto/freela relacionado a esses temas, lembravam de mim. Meu início no Sexlog era para ser um trabalho específico e temporário, mas deu tão certo que logo me tornei sócia da empresa e passei a me dedicar exclusivamente a ela.
Você é uma empreendedora. Sempre esteve o bichinho do empreendedorismo correndo pelas veias? Como você lida com isso, está sempre maquinando coisas na sua cabeça?
Acho que as pessoas imaginam que eu tenha criado o Sexlog, mas não foi isso que aconteceu. Quando iniciei o projeto era bem menor, diferente do que é hoje e, ao longo dos anos, desenvolvemos outras marcas e a empresa se tornou uma Venture. Acho que tem um “Q” de empreendedorismo nisso, mas não na definição clássica/atual da coisa.

Mayumi Sato, a matemática e o sexo, estão conectados? Se estão, como que eles se conectam?
Acho que os números ajudam a dar uma dimensão correta a temas que, por serem tabus, são difíceis de entender e aprofundar. Nesse sentido, a matemática nos ajuda a quebrar alguns preconceitos quando, por exemplo, observamos que certos comportamentos tidos como exceção, na verdade, são a norma. Ou, quando falamos de desejos, fantasias e fetiches que muita gente tem, mas não tem coragem de admitir.
Olhar para eles concretamente, observar a quantidade de pessoas que se identificam com tudo isso, como elas se comportam (e confirmar que são pessoas comuns, com gostos e vidas comuns), ajuda a desmistificar e dá coragem para quem quer vivê-los de fato.
O Sexlog é sem sombra de dúvida um dos maiores, senão o maior site dedicado ao swing do Brasil. Conte para nós como que surgiu a ideia de bolar esse negócio? E por que o swing especificamente?
O Sexlog surgiu meio por acaso. Ele era um genérico do Fotolog (por isso o Log no nome) e, na época, sem planejamento, parte da comunidade de swing começou a utilizá-lo para publicar suas fotos e vídeos íntimos.
Quando a demanda de moderação desse conteúdo aumentou, surgiu a ideia de fechar a plataforma para permitir as publicações com mais segurança. A divulgação do Sexlog durante mais de 5 anos foi só a partir de indicação, de uma pessoa para outra, sem nenhum trabalho de marketing de fato.

Mayumi Sato, a gente está cansado de escutar que “sexo vende”. Sexo vende mesmo? Como você enxerga isso hoje em dia, em tempos de pandemia, a indústria do entretenimento adulto e o modo como ele é oferecido para as pessoas?
Acho essa ideia de que sexo vende uma coisa meio datada. O que vende e o que as pessoas procuram, de fato, é conexão. É sentir que tem os sentimentos, desejos e anseios acolhidos. Alguns deles, por acaso, passam pela sexualidade, pelo carnal. No mercado adulto eu vejo as marcas que realmente se destacam mais focadas nisso do que no sexo em si.
Mesmo quem produz conteúdo adulto, como por exemplo o pessoal da plataforma Quente.Club vejo que o fio condutor ali é a representatividade, a diversidade, o respeito ao diferente. Tudo isso tem a ver com conexão e comunidade e é assim que uma marca ganha autoridade e respeito, seja qual for o segmento em que ela atua.
A pandemia mudou a forma de se relacionar e fazer sexo com as pessoas. O quanto isso foi ou está sendo impactante para o Sexlog?
Eu ainda não consigo compreender como esse período impacta ou vai impactar as relações. Acho que há um perigo em superestimar acontecimentos que, historicamente, podem representar poucos segundos na história da humanidade.
É claro que, para nós, que estamos passando por essa tragédia, o impacto é gigantesco. Mas eu ainda acho cedo pra entender como/se isso vai mudar nosso comportamento para sempre. Depende muito de quanto tempo a situação vai permanecer, ainda, instável.
Que a adoção de algumas tecnologias avançaram nesse período, é incontestável. Mas, não são coisas novas, elas já estavam aí, só que sendo introduzidas mais devagar no nosso dia a dia.
No Sexlog vimos a quantidade de pessoas novas aumentar, assim como a quantidade de acessos por semana e o tempo de permanência. Mas, em geral, o objetivo das pessoas ainda é o mesmo, de marcar encontros. Muitos continuam se precavendo, tendo encontros apenas online, mas é unânime que é tudo uma questão de tempo para o presencial voltar a fazer parte da rotina.

Mayumi Sato, se puder falar um pouco, como é o perfil do público no Sexlog? Acredito que por ser um público bastante específico, você deve ter muitos desafios para lidar com ele. Fale um pouco disso, como é trabalhar com esse perfil de público e as suas maiores dificuldades nesse ramo?
Nosso público é bem amplo na verdade. Em geral estamos falando de pessoas com idade média acima dos 35 anos, que vivem relações estáveis, têm filhos… A gente tende a pensar que pessoas que se cadastram numa rede social de sexo e swing têm alguma característica específica, mas em geral são pessoas com as mais diversas profissões, interesses, desejos e hábitos de consumo.
São 15 milhões de pessoas que são como nós, como o seu contador, a pessoa que te atende na padaria, o dono da concessionária onde você comprou seu carro. Então, o desafio maior é não esquecer que estamos falando de pessoas tão múltiplas quanto em qualquer outro segmento e respeitar as suas diferenças.
Você acredita que as pessoas estão assumindo relacionamentos abertos hoje em dia? Como ainda existem muitos tabus sobre o assunto, você acha que as pessoas chegarão a “evoluir” para uma relação humana mais livre sobre atração e amor? Você arriscaria um prognóstico para o futuro, daqui uns 20, 50 anos ou mais?
Não gosto muito do conceito de evoluir no que diz respeito aos tipos de relações. Acredito que as pessoas se identificando com relações abertas e assumindo abertamente é mais uma consequência de uma mudança maior na sociedade, que acaba naturalmente abrindo novas perspectivas no que diz respeito às relações familiares.
É cada vez mais popular – ainda bem – a ideia de que diversidade é importante, o acolhimento e o respeito às diferenças, ao que é incomum e o questionamento de instituições tradicionais como o Estado, por exemplo. Disso, desemboca num questionamento também das nossas relações afetivas, um interesse em compreender a origem dessa construção da família nuclear e as alternativas a esse formato. Então, acho que essas relações muito conectadas ao que vivemos agora, não soa mais tão esquisito falar sobre isso porque estamos mais abertos às diferenças de uma forma mais ampla.
Evito o termo evolução porque ele carrega um sentido de melhoria, de uma etapa mais avançada, mas nem sempre a relação aberta ou não monogâmica é a melhor para as pessoas e tudo bem. Na minha visão, mais importante do que certo e errado é o respeito às escolhas.

Mayumi Sato, os fetiches e fantasias sexuais sempre existiram. As pessoas estão buscando satisfazer mais os seus desejos e realizando suas fantasias? Já puxando para o swing, podemos dizer que swing é uma fantasia sexual ou um estilo de vida?
O avanço da tecnologia é um divisor de águas para a realização de fantasias e desejos. Como você disse, eles sempre existiram, mas é muito recente a possibilidade de realizá-las online ou encontrar pessoas e grupos que compartilham do mesmo desejo em um só clique.
Acredito que nem entre os praticantes de swing há uma unanimidade se ele é uma fantasia ou um estilo de vida. Acho que depende de como a pessoa encara seus desejos, de quão comprometido está com eles ou quanto tempo disponível tem para realizá-lo. Não sei se é preciso chegar a uma conclusão, cada casal pode decidir como lidar com essa questão.
A essência do ser humano é não ser monogâmico, isso já foi falado pela ciência. Entretanto, a sociedade ainda é abalada por pessoas que possuem relacionamentos abertos. Por que você acha que isso ainda ocorre?
Acho perigoso classificar as coisas apenas do ponto de vista biológico. E do ponto de vista social e cultural, somos produtos do nosso tempo. Nesse sentido, é natural que dada a construção histórica da humanidade, falar de não monogamia ainda cause estranheza nos dias de hoje. Porque ainda é uma exceção à regra. À medida que as conversas sobre o tema se popularizarem, a repulsa tende a diminuir. É assim que, em geral, mudanças na sociedade se estabelecem, não dá pra forçar.

O Sexlog é a porta de entrada para os casais que buscam experimentar novos prazeres. A procura pela prática do swing está aumentando? No seu ponto de vista, o que leva as pessoas a se aventurarem por um relacionamento mais liberal?
À medida que desmistificamos o sexo, desejos e fetiches, mais pessoas se identificam com a possibilidade de viver coisas novas e dar vazão aos seus anseios. O aumento constante na procura por práticas liberais tem a ver também com a criação de canais de mídia alternativos (que hoje nem são tão alternativos assim).
Se antes as pessoas se informavam apenas por jornais e canais de tv, a possibilidade de termos acesso a um conteúdo mais amplo, aumenta também o nosso imaginário. Esse é um movimento que só tende a crescer. Mais pessoas falando sobre questões íntimas para cada vez mais pessoas tendo acesso a esses temas pela primeira vez.
Mayumi Sato, sexo, embora haja muita curiosidade por todos nós, é um assunto muito delicado e particular de cada um. Como você fica antenada sobre a produção dos conteúdos? Você pesquisa, estuda, está fazendo uma pós ou mestrado?
Eu estou sempre pesquisando, estudando, tentando entender melhor o comportamento humano. Acho que falar de sexo é, mais que isso, falar sobre pessoas e como elas se conectam (ou não) umas às outras. Mas pós e mestrado não é comigo rs não tenho afinidade com a academia.

Mayumi Sato, Tempo livre. Tudo é trabalho ou há um tempo para relaxar? O que costuma fazer quando tem um tempo que é só seu?
No meu tempo livre eu curto meus livros, meus gatos, meu companheiro e o silêncio. Eu moro perto do mar, então costumamos levar cadeiras e livros para a areia e passar a tarde toda lá, conversando e “fazendo nada”. Nem sempre dá pra passar muito tempo assim, mas quando há tempo livre é assim que gosto de aproveitá-lo 🙂

Sua família entende e acompanha o seu trabalho? Há “pitacos” de familiares ou não?
Não rola pitaco não. Somos próximos, eles entendem o que faço, mas quando nos reunimos dificilmente falamos de trabalho.
Relacionamentos. Está com alguém no momento? Esta pessoa compartilha das suas ideias quanto a monogamia ou relacionamento liberal?
Estou num relacionamento não monogâmico há 10 anos, mas não fazemos parte do mundo liberal.

Swing! Estava demorando, mas esta é uma pergunta que não quer calar. Você pratica ou já praticou swing alguma vez na sua vida? Vou deixar você livre se não quiser responder….srsrsr.
Não fazemos parte do mundo liberal e também não tenho interesse pessoal no swing. Acho que trabalhar com isso, lidar com uma comunidade gigante interessada no tema já é o suficiente rs.
Chegamos ao fim da nossa entrevista, o espaço é todo seu para deixar um recado sobre o que quiser compartilhar com os nossos leitores. Agradecemos por esta oportunidade de falar no blog do Suspiro.
Vou deixar aqui alguns links caso alguém queira acompanhar mais o meu trabalho:
Podcast Sexlog – com contos eróticos enviados pela comunidade
Revista Sexlog – pra quem prefere ler os contos
https://pt-br.sexlog.com/revista/
Guia do Sexo Sexlog
https://guiadosexo.sexlog.com/
Meu Instagram
Rafael Tanaka
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