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Roy LP: “O que atrai são situações que as pessoas gostariam de viver”

Roy LP
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Roy LP é uma das mentes por trás da Xplastic . A produtora brasileira que há mais de vinte anos se mantém fortemente produzindo filmes pornô sob um olhar alternativo, profundo e natural. 

Batemos um papo profundo sobre trajetória, visões e os caminhos para o futuro do porno nacional com o projeto Quente Club.

Roy LP

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Como e quando surgiu a ideia para criar a Xplastic?

A Xplastic nasceu em 1996, quando eu e mais dois amigos fazíamos parte de uma banda e tínhamos em comum o gosto por pornografia. Nessa época começamos a pensar em pensar em fazer um pornô, e a ideia ficou mais próxima quando o irmão de um dos caras da banda voltou do Japão e trouxe uma câmera VHS.

Aí gravamos uma animação usando bonecas Barbie falsificadas e mandamos para o Festival Mix Brasil. Estávamos em 1998, a animação foi exibida numa mostra chamada “De perto ninguém é normal”. Ficamos mais empolgados com o resultado da exibição do filme, que acabou entrando no circuito internacional de festivais envolvendo sexualidade do que com a banda e seguimos gravando.

Gravamos mais ou menos um filme por ano, usando trilha sonora de bandas de amigos, até que em 2004 começaram a sair matérias sobre a gente em algumas revistas, começamos a distribuir DVDs pelo selo Explícita, em 2010 lançamos um site. Em 2012 começamos a licenciar filmes para o SexyHot e em 2014 começamos a produzir o programa Pornolândia com a atriz Nicole Puzzi, para o Canal Brasil. 

Os filmes criados pela produtora representam o alternativo e natural. Roy LP, você enxerga que esse nicho está cada vez mais em alta?

O que se chama de pornô alternativo é muito mais amplo do que apenas exibir pessoas tatuadas. É toda obra audiovisual que trate de algum assunto ligado a sexualidade, de forma explícita e fora do circuito da pornografia mainstream. Esse conceito fazia mais sentido no final dos anos 90 e na primeira década deste século. Hoje o cenário mudou muito com o crescimento dos tube sites como Xvideos, Pornhub e sua transformação em plataformas de conteúdo. 

A tecnologia permitiu que a produção, distribuição e monetização de conteúdos fossem viáveis para qualquer pessoa com um celular.  As plataformas hoje são muito maiores do que os estúdios que definiram o que era chamado de pornografia mainstream no passado. E muitos estúdios, inclusive, estão sendo comprados pelas plataformas. Então hoje o pornô alternativo é viabilizado através das plataformas que são o atual mainstream. O mundo ficou mais complexo.

O que está em alta é a venda da intimidade das pessoas, já que o sexo conseguimos de graça nessas mesmas plataformas. O sexo explícito hoje é dado de graça para você assinar e pagar para conhecer a intimidade das pessoas. 

Roy LP

Trabalhar com filmes adultos trouxe alguma mudança na sua vida, se trouxe quais foram?

Eu sempre gostei de pornografia como consumidor, trabalhar com isso me colocou em contato com o mundo real, que é bem diferente do que vemos como consumidores. Você conhece as pessoas, os conflitos, entende mais como tudo funciona, que é um trabalho e não diversão.

Roy LP, percebemos que o porno amador domina visualizações nas plataformas conhecidas. Sob esse olhar, a pornografia evoluiu para algo do cotidiano?

Aqui volta a questão da intimidade. O público gosta de amador e tem gostado de produções mais sofisticadas e com história. Nosso vídeo mais visto no Xvideos tem muitas visualizações por conta da história.

Então acho que a pornografia que atrai o público mostra situações que as pessoas gostariam de viver. Seja em vídeos amadores ou produções mais sofisticadas. 

Sabemos que há cenas que duram horas para serem gravadas. Qual foi a cena que mais
demorou para ser gravada?

Fizemos um filme chamado “Hacker” para o SexyHot Produções que viramos 24 horas gravando. Acho que esse foi o que levou mais tempo. Em média uma produção nossa mais simples leva em torno de 6 a 8 horas.

A produtora se manteve 23 anos na ativa, como você conseguiu se adaptar ao meio digital?

Nós pegamos a onda do DVD quando ela estava terminando, depois pegamos a onda do conteúdo para celular quando também estava acabando, e o 3G estava começando a levar a internet para o celular. Acho que isso nos ensinou a sobreviver em situações adversas. Tentando ser criativos para produzir com baixo custo sem colocar o elenco em situações precárias e aproveitando todas as oportunidades que vão surgindo.

Roy LP

Diferente de muitas produtoras, a Xplastic foge dos padrões da indústria, pois produz um
conteúdo natural e ético focado no fetichismo. Em que ponto você falou vou seguir nesse
caminho por que é certeiro?

Nosso conteúdo não é focado no fetichismo, produzimos filmes com fetiches, porque as pessoas têm fetiches. Tentamos incluir os fetiches de forma orgânica em nossas produções. 

A ética é o mínimo que deveria ter em qualquer indústria, em qualquer trabalho, mas sei que no pornô isso é mais crítico, existe um histórico ruim que vem mudando com o tempo, as novas gerações que estão começando a atuar e produzir já tem uma visão mais esclarecida do que é consentimento, dos direitos e da ética. 

Muitas das cenas que grava na produtora você se preocupa com os detalhes de filmagem
como cenário, luz, posição dos atores e atrizes. Isso vem da sua experiência no ramo ou você procura se aprimorar, seja estudando ou conversando com gente do meio? Tem uma equipe que te auxilia?

Somos em 4 sócios na produtora atualmente, com formação na área audiovisual e artística. E contratamos profissionais com experiência no audiovisual. Direção de arte, direção de fotografia, maquiagem, todas as pessoas que trabalham com a gente são muito competentes em suas áreas de atuação e nos preocupamos em entregar o melhor possível dentro das limitações dos nossos orçamentos.

Roy LP

Existe algum tipo de cena que você não gosta? E qual a que você mais gosta?

Eu não gosto de gangbang, gosto de cenas de fetiches e BDSM entre mulheres.

Qual é a sensação de ser dono de uma produtora porno e erótica?

A palavra certa não é sensação, é preocupação. Rssss. E a preocupação é a mesma de quem tem qualquer tipo de empresa: continuar operando, entregando um serviço ou produto que deixe seus assinantes e clientes satisfeitos e que as pessoas que trabalham com você saiam felizes depois de um dia de trabalho, com orgulho do que acabou de ser produzido.

Roy LP

Sobre a sua carreira, você se sente realizado? Ou ainda tem aquela sensação de que o
melhor ainda vai ser realizado?

A realização é só temporária, tem sempre novidades virando o mundo de cabeça pra baixo que exige que tenhamos que inventar tudo de novo.

A Xplastic explora o mundo sexual com desejos e fantasias. De onde vocês criam
ideias tão conectadas com a realidade?

Todos os sócios da produtora criam roteiros, e já compramos roteiros de outras pessoas também, como a Nittie e Anna Blue, que escrevem muito bem.

Eu penso em situações que gostaria de ver outras pessoas vivendo. Vejo como isso se encaixa numa história com começo, meio e fim, verossímil e que seja ao mesmo tempo excitante. Aí vejo onde colocar fetiches, penso em quem poderia viver aquelas histórias. Depois vem a adaptação para o tamanho do orçamento, cortando os delírios mais caros. E sai o que será o filme. Mas cada pessoa tem seu processo criativo.

Roy LP

Como é sua vida fora do trabalho? O que gosta de fazer quando tem um tempo livre?

Escuto notícias, podcasts e leio e vejo filmes e séries. 

Já presenciou ou sofreu algum tipo de preconceito na indústria?

No início, o primeiro editor da Explícita dizia que o que estávamos gravando não era pornô, porque não parecia com os filmes que ele editava. Era um tipo de preconceito, mas não por maldade da parte dele, mas porque ele realmente não entendia como uma mulher careca e sem unhas postiças poderia atuar num filme pornô. 

Muitas pessoas tinham preconceito com mulheres dirigindo pornô. Alguns achavam que era um privilégio de alguns homens e mulheres não tinham “pegada”. Hoje isso diminuiu muito porque as mulheres fazem filmes muito bons e derrubaram os argumentos que eles insistiam em usar.

Mas vale lembrar que a indústria pornô replica a sociedade, então você vai encontrar na pornografia os mesmos problemas que encontra em outras indústrias.

Você se inspira em alguém no meio porno? Seja para produzir os seus filmes? Segue ou
tem alguma produtora como referência?

O Buttman foi a primeira referência, foi quem me deu vontade de decidir trabalhar com pornografia. Hoje eu gosto do kink.com, girlsfriendsfilms, gosto da Proxy Page, Joana Angel e SisWet.

Admiro muito todo o grupo da Vixen, mas prefiro a Evil Angel. Gostava muito do Supercult, e o Suicide Girls lançou alguns DVDs com muita qualidade no início dos anos 2000. A Vivid Alt tbm teve lançamentos muito bons. No Brasil o pessoal da EdiyPorn está fazendo um trabalho bom também. 

O dono de uma produtora consome conteúdo pornô?

Eu consumo tudo que que citei na resposta anterior. 

Qual a dica que você daria para alguém que deseja produzir conteúdo adulto alternativo?

Pesquise sobre pornografia, conheça a história do segmento que você está querendo entrar. Não grave para ver gente pelada, não vale a pena e vai te dar dor de cabeça. Valorize as pessoas que tornam o seu sonho possível, o elenco. E tome cuidados técnicos e estéticos com os filmes que for gravar.

Tem algum projeto novo (filme) que poderia adiantar aqui pra gente?

Nosso novo projeto é o site www.quente.club, que inclui todas as marcas que criamos ao longo dos anos e tem uma coleção com filmes de criadoras de conteúdo. Tem muita diversidade de fetiches, diversos gêneros e concentramos ali tudo o que produzirmos daqui para a frente.

Quero agradecer muito a oportunidade de poder entrevistá-lo, sei que ficou um tanto
extensa a entrevista, mas queria ter a oportunidade de mostrar a sua visão e conhecimento sobre a indústria do entretenimento adulto. Deixo aqui este espaço para que possa mandar um recado para os seus fãs e nossos leitores(as) ou falar o que quiser para os nossos leitores do Suspiro.

Obrigado pelo espaço e parabéns pela iniciativa de criar um blog como o Suspiro. O recado é: pague pelo pornô que você consome, se visitar alguma página de pornô grátis dê um like pelo menos e mande para os amigos. Respeite as atrizes e atores, não seja um idiota que se acha melhor do que outras pessoas. Desrespeitar quem trabalha com sexo só mostra o quanto a pessoa é idiota e não acrescente nenhuma virtude, ao contrário do que algumas pessoas pensam.

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